
Escuto a voz muda das ruas, os sussurros tristes que infelizmente não tem nome. Vozes que buscam uma saída, uma solução para seu maior problema, a exclusão. Barulhos repetitivos que incomodam, como carros que ouvimos mas aprendemos a suportar, nós o tornamos mudos, roubamos suas falas, seus apelos. O brilho da noite e suas estrelas ofuscam a minoria intitulada "Eles", "Aqueles" ou simplesmente, "Deprimente Gente de Rua."
Quem somos nos além de sérios candidatos ao futuro trágico, "Eles" - muitos afinal. - Suportam boa parte de sua vida na rua, seu lar, lar esse que não tem rosto nem amor de família, somente o doce e ao mesmo tempo amargo sabor da escuridão regado a química e boas doses de violência mental e física.
Seus olhos sempre sonhadores olhando para cima, cada janela uma história uma vontade, perguntar a alguém por que sua sorte lhe foi negada, por que não pode ver tudo lá de cima como alguém faz agora. "Eles" sabem seu lugar, a hora de sair, mas as mãos da sociedade são muito curtas, as vezes até inexistentes para o tímido braço estendido da esperança braço esse que sempre se cansa de ficar esticado se entregando assim para mais uma noite fria.